IV CONGRESSO APOSTÓLICO MUNDIAL DA MISERICÓRDIA – MANILA 2017
Os Congressos Mundiais da Misericórdia desejam ser uma resposta ao chamado universal à Misericórdia, dirigido a toda a Igreja e ao mundo por São João Paulo II, dito pelo Santo Papa João Paulo II no dia 18 de agosto de 2002 em Cracóvia.
“É necessário fazer ressoar a mensagem do amor misericordioso com um vigor renovado. O mundo precisa desse amor. “(João Paulo II, Cracóvia, 18 de agosto de 2002). “Chegou o momento de a mensagem da Divina Misericórdia derramar a esperança nos corações, tornando-se a centelha de uma nova civilização: a civilização do amor”.
O Santo Papa encorajou, então, os “esforços em ordem a elaborar e pôr em prática um plano pastoral da misericórdia. Esse programa [que deve constituir um compromisso dos bispos], na vida da Igreja antes de tudo e depois, como elemento necessário e oportuno, na vida social e política da nação, da Europa e do mundo” (18 de agosto de 2002).
Na verdade, o mistério de Deus “Pai das misericórdias” revelado por Cristo torna-se, no contexto das ameaças atuais contra o homem, como que um singular apelo dirigido à Igreja”. (Dives in Misericordia, 02). Uma igreja chamada a ter uma “consciência mais profunda e particular da necessidade de dar testemunho da misericórdia de Deus em toda a sua missão”. (cf. Dives in Misericordia, 12).
Se, por vezes, [o homem contemporâneo] não tem a coragem de pronunciar a palavra ‘misericórdia’, ou não lhe encontra equivalente na sua consciência despojada de todo o sentido religioso, torna-se ainda mais necessário que a Igreja pronunciou esta palavra, não apenas em seu próprio nome, mas também em nome de todos os homens contemporâneos” (Dives in Misericordia, 15). Somente assim, a Igreja poderá fazer “conhecer sempre melhor o verdadeiro rosto de Deus e o genuíno rosto dos irmãos” em humanidade. A Divina Misericórdia é a luz que “iluminará o caminho dos homens do terceiro milênio” (cf. homilia de 30 de abril de 2000).
“Quanta necessidade tem o mundo de compreender e de acolher a Divina Misericórdia!” (João Paulo II, Regina Coeli póstuma, 03 de abril de 2005).
Essas intuições programáticas de João Paulo II para toda a Igreja receberam um impulso novo graças à Encíclica Deus caritas est do Papa Bento XVI.
Hoje, é o Papa Francisco quem nos dirige fortemente sobre essa via. “Sentir a misericórdia: esta palavra muda tudo. É o melhor que nós podemos sentir: muda o mundo. Um pouco de misericórdia torna o mundo menos frio e mais justo. Precisamos compreender bem esta misericórdia de Deus” (Papa Francisco, 17 de março de 2013). E aos párocos de Roma, no dia 6 de março de 2014: “Esta foi uma intuição do beato João Paulo II. Ele teve a ‘perspicácia’ de que este era o tempo da Misericórdia. Pensemos na beatificação e canonização da Irmã Faustina Kowalska; em seguida, introduziu a festa da Divina Misericórdia. Gradualmente tem avançado, foi em frente neste campo”.
“Na homilia para a canonização, que ocorreu no ano 2000, João Paulo II realçou que a mensagem de Jesus Cristo à Irmã Faustina se situa temporalmente entre as duas guerras mundiais e está muito ligada à história do século XX. E, olhando para o futuro, afirmou: “O que nos trarão os anos que estão diante de nós? Como será o futuro do homem sobre a terra? A nós não é dado sabê-lo. Contudo, sem dúvida, ao lado de novos progressos infelizmente não faltarão experiências dolorosas. Mas a luz da Misericórdia Divina, que o Senhor quis como que entregar de novo ao mundo através do carisma da Irmã Faustina, iluminará o caminho dos homens do terceiro milênio”. É claro. Aqui é explícito, no ano 2000, mas era algo que no seu coração ia amadurecendo havia tempo. Na sua oração, ele teve essa intuição”.
“Hoje nós esquecemos tudo depressa demais, e até o Magistério da Igreja! Em parte isto é inevitável, mas os grandes conteúdos, as grandes intuições e as exortações transmitidas ao povo de Deus, não podemos esquecer. E essa da Divina Misericórdia é uma delas. É uma herança que ele nos deixou, mas que provém do alto. Compete a nós, como ministros da Igreja, manter viva esta mensagem, principalmente nas pregações e nos gestos, nos sinais, nas escolhas pastorais, por exemplo: na escolha de voltar a dar prioridade ao sacramento da Reconciliação e, ao mesmo tempo, às obras de misericórdia. Reconciliar, fazer as pazes mediante o Sacramento, mas também com as palavras e com as obras de misericórdia”.
Diante dessas fortes chamadas, reiteradas pelos últimos Papas, decorrentes do núcleo do Evangelho, pareceu apropriado e urgente para alguns Cardeais iniciar um caminho vigoroso com a regularidade de impulsos (a cada três anos) oferecidos por Congressos mundiais da Misericórdia, em sentido missionário, com o envolvimento de todas as realidades eclesiais, com uma extensão ecumênica, inter-religiosa, cultural e social. A Comissão de Cardeais é presidida pelo arcebispo de Viena, o Cardeal Christoph Schönborn e é constituída pelos Cardeais Stanisław Dziwisz, Audrys Backis, Jean-Louis Tauran, Philippe Barbarin et alii. O Secretário-Geral é o Padre Patrice Chocholski, atual pároco de Ars (França).
O principal objetivo do Congresso Apostólico Mundial e do Congresso continental, regional, nacional e diocesano é: fazer com que toda a Igreja seja mais consciente e mais motivada pela Misericórdia; fornecer impulsos novos para a pastoral paroquial e diocesana; fazer da Divina Misericórdia o paradigma da evangelização, com uma nova imaginação criativa.
Este projeto tem como meio a repetição regular de Congressos continentais, regionais e nacionais sobre a Misericórdia, preparados a nível paroquial, diocesano e nacional, com todas as realidades eclesiais.
Quanto ao desempenho, são convidados os bispos, os sacerdotes, os representantes de dioceses, de congregações, de movimentos, de novas comunidades. O Congresso deve ter sempre também uma dimensão ecumênica.
Realiza-se em pelo menos quatro dias. Há por um lado um conjunto de conferências (bíblicas, teológicas e pastorais) e testemunhos fortes; por outro, “laboratórios apostólicos”, que dispõem os participantes em saída em direção às pessoas, com gestos missionários; Celebrações festivas em torno à Misericórdia nos lugares-chave, tais como basílicas; Procissões, por exemplo: com uma grande imagem de Cristo Misericordioso.
Uma primeira WACOM teve lugar em Roma na Basílica de Latrão (2-6 abril de 2008), um segundo na Polônia, em Cracóvia (01-05 outubro 2011). O terceiro teve lugar nos dias 15-19 de agosto de 2014, em Bogotá (Colômbia), organizado pela Arquidiocese de Bogotá, na presença do Legado do Papa Francisco, o cardeal Errázuriz.
O título do Congresso era: Misericórdia, nossa missão em um só coração. O objetivo geral era de promover na América Latina e em todo o mundo a espiritualidade da Misericórdia como paradigma de evangelização para dar uma resposta integral às necessidades de cada pessoa. Os objetivos específicos eram:
– formar discípulos através da experiência da Misericórdia no encontro orante com a Palavra de Deus e os sacramentos;
– assumir ser missionário compartilhando com os outros a experiência do encontro com o Deus misericordioso;
– fortalecer os discípulos missionários na capacidade de reconciliação e de fraternidade em família, entre os mais frágeis e em meio à realidade temporal;
– tornar possível a experiência da Misericórdia, a fim de que possa ser vivida em pequenas comunidades, nas paróquias e em comunhão com o Bispo.
Foi organizado pela Arquidiocese de Bogotá, em colaboração com a Secretaria do Congresso Apostólico Mundial da Misericórdia (WACOM), com forte apoio da Conferência Episcopal colombiana e do CELAM. Participaram notavelmente as Pontifícias Obras Missionárias, os Eudistas, os Palotinos, os Marianos e várias associações de leigos.
Durante o Congresso, houve conferências com fortes conteúdos como aquela do Cardeal Schönborn sobre justiça, verdade e misericórdia e do Cardeal Salazar sobre as vítimas na Colômbia e o processo de paz. Houve a intervenção de Dom Leônidas sobre o Documento de Aparecida e do Pastor Martin Hoegger sobre a maneira de praticar a lectio divina em grupo, os fortes testemunhos das vítimas de conflitos, de Claudia Koll, do Padre João Henrique e de Mary Sarindhorn, uma budista convertida a Cristo. Houve celebrações nas cores dos vários continentes, presidida pelos Cardeais Errazuriz e Barbarin. Tocante foram as visitas às instituições sociais durante as tardes. O Santo Padre com a sua mensagem deu uma perspectiva universal à Missão da Misericórdia a partir do testemunho de misericórdia de tantas figuras de santos do povo de Deus em caminho.
O próximo Congresso Mundial será realizado em Manila, sob o convite da Conferência Episcopal Filipina.
O Senhor ressuscitado é o Misericordioso. Parece dizer: “Eis o que sou, eis o que podeis ser”. A Igreja dos discípulos missionários é chamada a atualizar e prolongar esta manifestação salvífica.
A Misericórdia é também como que a resposta ao mysterium iniquitatis: por Ela e o nosso empenho ao seu lado, é como se Deus impusesse um limite ao mal.
“A humanidade não encontrará paz, enquanto não se voltar com confiança para a misericórdia divina” (São João Paulo II).
Padre Patrice Chocholski
Fonte: www.misericordia.org.br